quinta-feira, 22 de maio de 2025

mais um dia, menos um quilo.

olá, como estão? resolvi aparecer por aqui um pouquinho e tirar um tempo para escrever.

eu tenho estado cansada.
não é um cansaço que se cura com sono, é mais como se eu tivesse se dissolvendo em névoa, aos poucos. talvez seja a medicação, talvez a falta de comida. ou talvez seja só eu mesma — um corpo tentando existir com o mínimo possível. às vezes sinto que vou desmaiar, mas logo lembro do número na balança e passa. 65 virou 62. e isso me basta. pouco a pouco estou voltando ao que era antes, isso me deixa contente.

o difícil é o resto. manter a casa, acompanhar as aulas, fingir presença.
minha cabeça está coberta por uma névoa espessa — a concentração equivalente a de uma porta, a memória péssima também. ainda assim, insisto: vou estudar. vou passar; sei que vou conseguir estudar e me sair bem nas últimas provas do semestre. (eu preciso).

minha rotina atual:
acordo sempre tarde, por culpa dos remédios.
vou direto ao banheiro, tiro a roupa, me peso (o número decide o tom do dia). só então bebo água — um litro inteiro, como se fosse sagrado — e engulo os comprimidos matinais: fluoxetina e topiramato.
volto para a cama, deixo o tempo me dissolver de novo: fico rolando feeds, fixando imagens no pinterest, me distraindo com a fome.

quando levanto, meu namorado chega.
ajudo no almoço. é só por volta das 13h que quebro o jejum.
geralmente faço 22h-23h de jejum por dia, com uma única refeição. sempre que possível, uma coca zero ao lado. 
de tarde, bebo mais água. faço algum esforço para me mexer — tarefas leves, movimentos lentos, exercícios tímidos na cama.
estou me recuperando ainda. de um episódio depressivo...de mim mesma.

às 17h começo a me arrumar para a faculdade.
preparo mais água (sempre 1L), deixo sobre a penteadeira junto do meu pod.

maquiar-se com as mãos trêmulas é uma pequena batalha diária, mas o delineador insiste em ser colocado, e o rímel também.
meu namorado me leva até a aula. (lá, se estou tonta, tomo outra cocaas aulas passam em velocidades absurdas: rápido demais quando estou aérea, devagar demais quando quero ir embora. não importa, nunca presto atenção. anoto só o suficiente para fingir que aprendi. depois estudo sozinha, com mais foco, menos ruído.

volto para casa e repito o ritual do fim do dia.
mais água. os remédios da noite: topiramato e levomepromazina.

deito e deixo o sono induzido pelos fármacos me levar — um sono vazio e incrivelmente doce.
o estômago está leve.
meu corpo, também.
é uma sensação de controle que eu conheço bem.
uma paz sem calor.
uma ausência que me abraça.

creio que por hoje seja apenas isso, até breve ౨ৎ


quarta-feira, 12 de março de 2025

— entre surtos, dietas e devaneios: um recomeço (?)

boa noite. ou bom dia. ou qualquer coisa entre as duas.

Este blog nasce da necessidade insuportável de registrar a decadência com certa graça.

preciso escrever porque já não consigo existir apenas.
preciso guardar o que sinto, antes que isso me engula.
se você chegou aqui, talvez sinta o mesmo.

sempre fui movida por diários, virtuais ou não. vivi intensamente a era dos blogs, a explosão do tumblr, os gifs granulados de filmes trágicos com legendas sentimentais, as fotos de meninas trêmulas fumando no espelho, as estéticas de colapso.
eu fui essa menina — e continuo sendo, de um jeito mais medicado, mais faminto e mais confessional.
voltar a escrever aqui, num espaço só meu, é uma tentativa de reunir tudo o que ainda dói e ainda pulsa.
isso aqui é meu abrigo. meu altar profano. meu hospitalzinho cor-de-rosa.

vou falar sobre o que sei:
psiquiatria, internações, rótulos e recaídas.
transtornos alimentares, jejum, corpos que pesam e não pesam.
filmes e livros que me rasgaram ao meio: garota interrompida, garota exemplar, a redoma de vidro, garotas de vidro, as virgens suicidas, meu ano de descanso e relaxamento, pearl, possessão, cisne negro, lolita...
moda, vício, anorexia estética, maquiagem como armadura, coca zero como religião.
um pouco de poesia. um pouco de sarcasmo.
muito de mim — e talvez de você também.
não tenho promessas, só palavras soltas.

talvez eu desapareça. talvez eu escreva todo dia.
mas hoje, estou aqui.
e por hoje, isso basta.